Holanda quer banir turistas do consumo de cannabis legalizada

AMSTERDAM - Os tradicionais "coffee shops" holandeses, onde pequenas quantidades de maconha e haxixe são legalmente compradas e consumidas desde 1976, tornaram-se uma grande indústria e uma atração turística popular na cidade holandesa. Um projeto de lei em votação no Parlamento holandês, no entanto, deve acabar com o "turismo das drogas" e restringir o consumo de cannabis apenas aos cidadãos holandeses, segundo reportagem do jornal britânico "Daily Telegraph".


A lei faz parte de uma revisão da "política de tolerância a drogas leves" adotada no país europeu. O ministro da Justiça e o ministro de Assuntos Internos da Holanda apresentaram a proposta com o objetivo de manter os estrangeiros longe das drogas para reduzir a criminalidade e as perturbações causadas por esse tipo de turismo.

Segundo a proposta, os "coffee shops", que são licenciados para vender maconha, terão de implantar um sistema para identificar os cidadãos holandeses por meio de um cartão, que já é usado em outros serviços do governo, como transporte público e escolas.

"As cafeterias devem voltar a ser o que eram originalmente: pontos de venda para os usuários locais e não em grande escala para os consumidores dos países vizinhos", concluiu uma comissão do governo, em julho. "A situação está totalmente fora de controle", apontou a comissão.

Um dos maiores problemas causados pelo "turismo de drogas" é o afluxo de turistas estrangeiros, incluindo muitos jovens britânicos e franceses, que vão até a Holanda para fumar maconha, o que é ilegal em seus países de origem. O problema é especialmente grave nas cidades fronteiriças e cidades que ficam perto da Bélgica, França e Alemanha.

O volume de negócios da maconha legalizada é estimado em pelo menos R$ 4,8 bilhões por ano (£ 1,6 bi).

Outra restrição prevista na nova legislação é a redução da quantidade de cannabis que pode ser comprada no balcão, que cai de cinco para três gramas.

Raymond Dufour, da Fundação Holandesa de Controle de Narcóticos, é contra as novas restrições que, segundo ele, serão contestadas nos tribunais da União Européia. "Temos um problema com o direito europeu aqui, uma vez que todos os cidadãos europeus devem ser tratados igualmente", disse à Radio Nederland.

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