Laboratório rendia dois milhões de euros por ano!!

O bando que torturou um escocês no Algarve tinha um laboratório de ‘cannabis’, agora desmantelado pela PJ. Era o maior da Europa.

O grupo de quatro ingleses que foi detido no Algarve pelo rapto e tortura do escocês James Ross possuía um laboratório sofisticado de cannabis em Sarilhos Grandes, Montijo. O laboratório, desmantelado pela Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da PJ, era o maior do género na Europa. O negócio rendia ao bando dois milhões de euros por ano, o equivalente a mais de 200 mil euros por mês.~

O único dos quatro ingleses detidos no Algarve pela PJ que saiu em liberdade regressou ontem ao picadeiro de Pinhal do Monte, em Sarilhos Grandes, onde antes se encontrava o laboratório. Foi à hora de almoço ao local tentar recuperar um pónei, mas o animal já tinha sido apreendido pela GNR. “Meteu-se no carro e desapareceu”, contou ao DN Américo Balseiro, um produtor de coelhos que durante ano e meio viveu paredes meias com o maior laboratório de cannabis alguma vez desmantelado na Europa, sem dar por isso. Só na passada semana quando a PJ entrou pela propriedade dentro, Américo concluiu que “de alguma coisa eles tinham de viver”, recordando que durante todo este tempo apenas os viu “trabalhar com uma pá”, que ele próprio lhes emprestou.

No picadeiro, o grupo alegadamente liderado por John MacLean e composto por cadastrados perigosos (ver caixa), plantava cannabis em copos de plástico, que depois transformava numa droga de alta qualidade designada por super skunk. A produção era feita através de um sistema avançado, à base de condicionadores de ar e irrigação, que funcionavam 24 horas e faziam disparar regularmente o quadro eléctrico, situado junto à casa de Américo. “Diziam que era a máquina de lavar roupa. Mal sabia eu. Depois lá puxaram um cabo e coisa melhorou um bocadinho”, relata o morador, que apenas se questionava sobre o “que seria aquele fumo negro” que regularmente saía da chaminé.

Do Montijo, a cannabis era distribuída “sobretudo para o Reino Unido”, como adiantou ontem ao DN o director da UNCT, Luís Neves. O laboratório já estava instalado no Montijo há alguns meses.
James Ross, o homem que foi torturado no Algarve pelo bando, e que perdeu uma orelha e vários dedos, faria parte da rede como vendedor do estupefaciente. Segundo fonte policial, o problema é que terá começado a “exagerar na margem de lucro”, levando a rede a convocá-lo para uma reunião no Algarve, onde foi torturado quase até à morte. A tortura foi para “servir de exemplo”, sendo que havia também uma “questão pessoal” que levou a essa vingança, adiantou Luís Neves.

O grupo inglês manteve o portão principal da propriedade em Sarilhos Grandes sempre fechado a cadeado. Construiu também um muro que impedia a visibilidade sobre o acesso entre o laboratório e o local onde paravam as viaturas para carregar a mercadoria.

Antes de chegar às mãos desta rede, a propriedade foi explorada por uma empresa de gesso (Beiragessos) que viria a falir. Segundo o director da UNCT, não havia colaboradores portugueses nesta rede de produção e tráfico de droga´.

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