Indianos comemoram com mistura de leite e maconha festa da Holi

Os indianos comemoraram mais uma vez o festival mais divertido no país, um dia em que a rígida sociedade da Índia se torna um pouco mais relaxada e se pinta de todas as cores ou bebe uma curiosa mistura de leite com maconha.

Balões e pistolas de água colorida ou simplesmente tintas em pó servem para comemorar este “festival das cores”, que lembra a chegada da primavera no país.

“Os jovens adoram este festival, já que podem se reunir e sair juntos para comemorar a Holi”, contou à Agência Efe Durgesh Nainwal, um morador de Nova Délhi de 24 anos.

Em uma sociedade de costumes rígidos e marcada pelos choques constantes entre as diferentes confissões religiosas, classes sociais ou castas, a Holi é uma festa que une todos os indianos.
Neste dia, no qual os jovens saem às ruas com roupas velhas, todos pintam e se deixam pintar em cores vivas, o que simboliza a eliminação de qualquer forma de discriminação, seja de idade, religião, sexo ou nível social.

Nos bairros, mesclam-se os gritos infantis de adultos embriagados com os tambores festivos, enquanto uma cidade como Nova Délhi recebe várias festas diurnas em áreas de lazer, algumas delas com proposta “ecológica”, para evitar o uso de corantes tóxicos e as visitas ao dermatologista no dia seguinte.

A festa tem suas raízes nas comemorações promovidas pelo deus Krishna, o primeiro ao qual as castas baixas puderam rezar graças ao fato de ter nascido em uma família rural.
Encarnado em um príncipe que ganhava os corações de todos com suas brincadeiras leves e amáveis, Krishna projetou este costume para eliminar as distinções sociais e aproveitou para paquerar todas as meninas do povoado, de acordo com a mitologia hindu.

“Na Holi, os casais têm a oportunidade de se tornar mais carinhosos”, explicou Nainwal, que destacou que é o dia perfeito para encontrar um par, já que todos podem se aproximar e tocar outros jovens com o pretexto de pintá-los sem que eles se sintam ofendidos.

Durante esta festa, as mulheres têm inclusive a possibilidade de beber o popular “bhang”, uma bebida de leite com folhas de maconha que exalta as emoções e contribui para deixar mais soltos os jovens.
Muitos aproveitam a ocasião do Holi para misturar o “bhang” nas bebidas de amigos ou idosos com quem querem brincar.


holi-785469Ao cair a tarde, quando a maioria volta para casa para tomar banho e tirar as cores que ficam presas a suas peles, cabelos e unhas, pelas ruas e parques é possível ver gente rindo ou chorando sem parar sob o efeito do “bhang”.
No entanto, como explicou o jovem Nainwal, a festa não é só um dia para as brincadeiras, mas também ocasião para esquecer velhas rixas.

“Todos visitamos parentes e vizinhos para pintá-los. É o melhor dia para esquecer rancores e se reconciliar, no espírito da festa”, disse.

As famílias recebem dezenas de convidados e oferecem a eles doces preparados em casa especialmente para a Holi.
“É o festival das cores e comemora a vitória do bem sobre o mal”, observou Nainwal, porque também lembra a morte da demônio Holika, que tentou queimar vivo seu sobrinho Prahlad, mas se queimou no processo, como simbolizam as fogueiras públicas da noite que antecede a Holi.

Só um povo de toda a Índia não comemora a ocasião: os habitantes de Durgapur, no estado de Jharkhand, norte do país, creem que, se fizerem isso, serão punidos com uma crise de fome.
“Quando a Holi é comemorada, o gado morria e as colheitas não cresciam durante três anos consecutivos”, afirmou à agência “Ians” Maghi Mahto, um aldeão de 85 anos que calcula que, há 150 anos, o festival foi abolido no povo.

“Os que querem comemorar a Holi vão para outros povoados, a casa de amigos ou parentes”, explicou.

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