Marijuana estimula novos recordes?
Peritos russos estão perplexos com a decisão da Agência Mundial Antidoping (WADA) de aumentar em 10 vezes o limite de cannabis no organismo humano.
Trata-se de canabinoides, que se produzem no consumo de cannabis. Tal abordagem incomum, assumida pela instituição supostamente responsável pelo rigor das competições esportivas, leva-nos a refletir sobre os aspetos profissionais e éticos da questão.
Os escândalos relacionados com a dopagem têm acompanhado desde há muito a realização de eventos esportivos. Muitos ciclistas, patinadores e esquiadores foram desqualificados devido ao uso de substâncias proibidas.
Muitas vezes, o fenômeno esteve na origem de múltiplos problemas pessoais que levavam ao fim da carreira esportiva.
Para os médicos das seleções nacionais, o controle de dopagem constitui uma dor de cabeça no decurso de quaisquer competições. A luta por um resultado “limpo” se trava, por vezes, até a morte. De notar que, à medida que as exigências endurecem, os produtores de substâncias ilegais não se cansam de inventar novas fórmulas de estimuladores bem camuflados.
Pelos vistos, preconiza-se um objetivo nobre – fazer com que o esporte seja ao máximo transparente, capaz de incentivar o modo de vida saudável e o respeito por elevadas normas morais. Tanto mais estranha e insólita parece a recente decisão da WADA que, no essencial, vem transformando o consumo de cannabis – uma droga interdita em vários países – em uma espécie de recurso recreativo inofensivo ao serviço dos atletas.
O jornalista esportivo Grigori Tvaltvadze chamou de “chocante” tal decisão tomada pela WADA:
“Custa muito entender as causas que levaram a esta decisão tendo em conta o duro combate à efedrina, galasolina e outras substâncias. Mas isto constitui um problema sério para os atletas. Muitos violaram esta regra. Hoje prosseguem os jogos do campeonato mundial de hóquei. Porém, até atletas com boa reputação foram apanhados em fragrante delito.”
O Comitê Executivo da WADA aumentou o teor de cannabis admissível de 15 atuais para 150 nano gramas por milímetro. Na avaliação de especialistas, aos atletas será permitido fumar marijuana, sem medo de serem desqualificados, até um dia antes das competições. Há bem pouco tempo, a prova positiva desta substância implicava uma pena de desqualificação de seis meses. Claro que, além disso, a par das sanções oficiais, os consumidores desta droga leve estavam sujeitos a numerosas críticas por parte da opinião pública. A título de exemplo, se pode citar o nadador norte-americano Michael Phelps, titular de 18 medalhas de ouro dos Jogos Olímpicos.
Como vai mudar a situação sem tomar em conta o efeito físico do narcótico? Comenta o perito da Universidade de Indústria e Finanças Sinergia, Andrei Malyguin:
“É preciso ver como isto se repercutirá no estado de ânimo dos jovens atletas que procuram seguir o exemplo e imitar os “astros”. Michael Phelps podia confessar ter experimentado mais de uma vez a marijuana. Por isso, elevar o limite de consumo significa incentivar o consumo.”
Enquanto isso, o diretor executivo da Agência Nacional Antidoping, Nikita Kamaev, chama atenção para o fato de estar a se vislumbrar a tendência de “aumentar a quantidade de provas positivas quanto à presença de canabinoides”. Assim sendo, uma ligeira fumaça com um “aroma inconfundível” poderá vir a ser um atributo vulgar dos recintos de treino onde os futuros campeões se preparam para as competições. Seria bom que eles fossem fotografados com bolas ou raquetes e não com cigarros de marijuana na mão.
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